A propósito do livro de Sônia Barros: NAS ASAS DO HAICAI, com desenhos de Angela-Lago (Aletria, 2016), encomendo chuva. Que a poesia desça quente agora no inverno e amiga nas demais estações. E tenhamos olhos de voar, uma vez que
Este livro é vivo,Este livro... tem feitio de ABC, onde tudo repentinamente se move: seres da natureza, objetos inanimados e coisas também invisíveis – a fofoca e a web à nossa volta. E, livro dentro do livro, no desenho da letra, este
em cada haicai um voo
terno ou divertido.
Livro se transforma
em tapete voador
quando tem leitor!
Vem do prefácio, no entanto, a melhor lição. Sônia Barros sobrevoa nomes que a precederam na aventura do haicai. “Aqui no Brasil, grandes poetas contribuíram para divulgar a arte do haicai, como, por exemplo, Guilherme de Almeida, Paulo Leminski, José Paulo Paes, e, ainda hoje, Leo Cunha, Alonso Alvarez, Nelson Cruz, Angela Leite de Souza e outros.”
Para uns, esta forma especial de poesia é uma pintura em palavras em rápidos movimentos que traduzem as transformações dos seres da natureza e do próprio homem, sem jamais o poeta deixar confessos um pensamento particular ou seus sentimentos. O haicai, em sua origem, é um estado de contemplação, exercício ainda possível mesmo em meio ao tremor e o murmurejo urbanos. É preciso manter-se zen.
Para outros, importa a originalidade, uma vez que o léxico de imagens de animais, plantas e fenômenos da natureza tende à repetição através dos séculos – e é preciso renovar. Assim, na escolha de temas, ocidentalizando-se, o haicai tem abandonado a atmosfera aparentemente despreocupada para alcançar algo mais: humor, ficção sensualidade, crítica social.
Vale a pena rever.
* Seleção de outros livros >> chuva de haicais, 2
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