22 de junho de 2017

a quem interessar possa


abro livremente um livro e encontro um poema
que me faz bem, às vezes numa manhã cinza ou já azul,
raramente à tarde, quem sabe à noite, e penso
compartilhar no dia seguinte, num instante depois

OS MEUS LIVROS,
de Jurema Barreto de Souza
Os meus livros me conhecem
pelo tato quando os toco
arrepiando suas páginas
como um gato fiel a casa,
casa que sou das palavras
das histórias que li de outros
dos poemas que escrevi de mim.
Os meus livros me olham
quando entro na sala
e sabem que os amo no silêncio
passando os dedos por suas lombadas.
Os meus livros passaram comigo
pelas provas de fogo da vida
pelas angústias de crescer.
Janelas, me deram paisagens.
Oráculos, me deram respostas.
Naves, me deram viagens interestelares
e fugas mágicas rumo a alegria.
Meus livros que me conhecem
impregnados estão da minha vida
aqueles que li e os que escrevo
darão, a quem interessar possa,
breves notícias de mim.

SOUZA, Jurema Barreto de. “Os meus livros”
In: Policromia. Santo André, SP: A Cigarra Edições, 2010 p. 27.
O’Abre Aspas, contato com a autora [aqui].

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