“Nel mezzo del cammin di nostra vita— o meio do caminho guarda o sentido de “próximo ao fim”, na proposição do ilustrador e cartunista italiano, a advertência sobre a selva escura e o que ali se perdeu, é, rigorosamente, sobre o começo da vida e a invisibilidade da infância; e quanto a vida infantil se converteu no Inferno de uma sociedade habitada por velhos... Isso mesmo, o quarto desabitado de cor, os uniformes, viver esprimido entre o esporte e os livros na estante, onde não há música nem mão a empurrar o balanço (sem dizer o quanto os parques foram abandonados). A criança que brinca, ao longo das páginas, é uma sombra nos passos do mundo adulto, uma, duas, muitas, apertada na sapateira ou entre casacos pesados, um reflexo por trás do vidro transparente, um espelho, ou poça de água na cidade.
mi ritrovai per una selva oscura
ché la diritta via era smarrita.”
Uma criança sem nome, também sinto assim. Mas é necessário sublinhar uma diferença entre o original e a tradução. Franco Matticchio escolhera nomes que apontavam para personalidades históricas ou culturais e poderíamos até considerar antiquados, como Domitilla, Berto, Ercole, Ester, Guglielmo, Gino, Giustina, trocados por Luísa, Davi, Sara, Olívia, Mattia, Victor, Sofia; ou sem contexto para nós, como Rachele, Giangiacomo, Abdul, Armanda, Lucio, Tullio, Attilio etc. Mas aqui se escondeu a diversidade e a riqueza entre gerações e fronteiras, por registros mais palatáveis a uma classe de consumidores de literatura para crianças, alimentando a ilusão de reconhecer, no livro, o próprio nome.
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@nanabooks
#intertextualidade
🧡 #quemtemquindimtem
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