Unindo pontos, unindo textos, porque é Ano Novo e, frente à capa deste livro, nossa imaginação logo se põe a funcionar — mãos dadas, menino e menina tão feitos a João e Maria vão abrir o próprio caminho. Podemos indagar para onde vão, eles têm todo o mundo a seus pés... Na moldura da ilustração, souvenires ou apetrechos para a ventura, pena, arco, ampulheta, árvore, um avião e uma viola, um barco antigo, a famosa torre, um monstro marinho escamoso e alado. Um par de óculos? Aonde ambos vão?
A lugar nenhum, a princípio, pois este é apenas um despiste da ilustradora Elisabeth Teixeira a respeito de que é possível encontrar livro adentro. A viagem que nos oferece Ana Maria Machado tem outra natureza: com um livro nas mãos, nem é preciso sair do lugar para conhecer o que haveria no meio do caminho de Dante, Carlos e Tom — uma selva “oscura”, uma pedra, um rio... No caminho de Cris, Marco ou Alberto — oceano, deserto, muita lonjura. E o que há à frente de cada leitor? Os versos dizem:
“No meio do meu caminhoPelos caminhos da intertextualidade, Ana Maria abre começos de leitura sobre os clássicos da literatura universal, da poesia e da canção popular brasileira, com toda sorte de referências históricas da grande marcha da civilização humana. Todo o livro é, de fato, promessa de vida — porque a autora, afinada com o diálogo entre gerações, vai juntando frases e versos que pinçou aqui e ali para compor sua própria narração. Grandes e respirando leveza, as ilustrações vão abrindo a seu modo um variado cenário, dando ao olhar as pistas que o texto verbal nos quer fazer descobrir.
tem coisa de que não gosto.
Cerca, muro, grade tem.
No meio do seu, aposto,
tem muita pedra também.”
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Dobras da Leitura O’Blog
Abrindo caminho #anamariamachado
@elisabethteixeira.imagem (Ática, 2003)
1 de jun. 2009, resenha revista em 2025
#intertextualidade
#dobrasdapoesia
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