1 de janeiro de 2025

porque é ano novo, retomando O'blog


Unindo pontos, unindo textos, porque é Ano Novo e, frente à capa deste livro, nossa imaginação logo se põe a funcionar — mãos dadas, menino e menina tão feitos a João e Maria vão abrir o próprio caminho. Podemos indagar para onde vão, eles têm todo o mundo a seus pés... Na moldura da ilustração, souvenires ou apetrechos para a ventura, pena, arco, ampulheta, árvore, um avião e uma viola, um barco antigo, a famosa torre, um monstro marinho escamoso e alado. Um par de óculos? Aonde ambos vão?



A lugar nenhum, a princípio, pois este é apenas um despiste da ilustradora Elisabeth Teixeira a respeito de que é possível encontrar livro adentro. A viagem que nos oferece Ana Maria Machado tem outra natureza: com um livro nas mãos, nem é preciso sair do lugar para conhecer o que haveria no meio do caminho de Dante, Carlos e Tom — uma selva “oscura”, uma pedra, um rio... No caminho de Cris, Marco ou Alberto — oceano, deserto, muita lonjura. E o que há à frente de cada leitor? Os versos dizem:
“No meio do meu caminho
tem coisa de que não gosto.
Cerca, muro, grade tem.
No meio do seu, aposto,
tem muita pedra também.”
Pelos caminhos da intertextualidade, Ana Maria abre começos de leitura sobre os clássicos da literatura universal, da poesia e da canção popular brasileira, com toda sorte de referências históricas da grande marcha da civilização humana. Todo o livro é, de fato, promessa de vida — porque a autora, afinada com o diálogo entre gerações, vai juntando frases e versos que pinçou aqui e ali para compor sua própria narração. Grandes e respirando leveza, as ilustrações vão abrindo a seu modo um variado cenário, dando ao olhar as pistas que o texto verbal nos quer fazer descobrir.

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Dobras da Leitura O’Blog
Abrindo caminho #anamariamachado
@elisabethteixeira.imagem (Ática, 2003)
1 de jun. 2009, resenha revista em 2025


#intertextualidade
#dobrasdapoesia

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