24 de março de 2021

não derrame o leite!

Um conto ilustrado que segue o contorno das margens do Rio Níger, com sabor de fábula afetiva e ritmo de lengalenga, em muito lembrando a mistura de gêneros narrativos da tradição oral africana. De fato, NÃO DERRAME O LEITE, do escritor burquinabês Stephen Davies e do pintor britânico Christopher Corr (2013), trad. Helena Carone (Pequena Zahar, 2015), inspira-se na voz e nas cores vivas de uma África de grande importância histórica para o abastecimento de caravanas dando origem a diferentes cidades.

De algum modo sentimos, embora o texto não diga, partir de um lugar nas cercanias de Timbuctu, com sua trança de referências árabe, songai e tuaregue. A travessia da menina Penda para levar uma tigela de leite a seu pai é também uma travessia num tempo cultural idealizado e paisagens de distâncias imprecisas, tal a natureza do mundo do conto. Penda vai caminhando do seu povoado, sobe e desce as dunas do deserto, passa em meio às máscaras dançantes, pega carona num barco, avista girafas que lhe parecem extraterrestres na lua, sobe e desce montanhas...

Onde o pai pastoreia suas ovelhas? Será que atravessamos num pé a Guiné, Mali, Níger, Benin e Nigéria, no modo breve e seguro do conto?

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