E.. chegamos mesmo a alcançar o povoado de Palenque de San Basilio, na Colômbia, com o livro da escritora Irene Vasco e do ilustrador Juan Palomino. Palenque, o primeiro lugar livre para os negros da América, na dobra de dois tempos que admitem o convívio e a conquista da linguagem escrita. LETRAS DE CARVÃO, com tradução de Márcia Leite (Pulo do Gato, 2016), é um conto dentro do conto que se inicia nos dias atuais de letras pulsantes na tela do computador, numa conversa entre mãe e filho: "Gosto tanto de ver você escrevendo seus contos, meu filho. Às vezes eu também escrevo. Sabe, quando eu tinha a sua idade, não sabia ler nem escrever."
Tomamos distância para ler/ouvir uma história que revela quão perto se pode estar das palavras em embalagens, listas da conta na mercearia e cartas de amor que não podem ser decifradas, apenas supondo o seu significado, quando não se domina o código. Através das imagens e do subtexto narrativo do livro, lembramos das implicações da voz na manutenção de sociedades orais e na propagação de novas visões de mundo na leitura em voz alta... Tudo pode mudar individual/coletivamente com letras e acenos de carvão, ou buscar os vários Os nas palavras de uma página como bolhas de sabão no ar.
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