26 de janeiro de 2025

um conto policial e surrealista

dobrasdaleitura | Você acredita nos anjos? Pois saiba que eles acumularam tesouros no Castelo dos Pirineus, aquele, incrustado numa imensa rocha de granito que flutua sobre as águas do mar, lembra? Nem mesmo os anjos dessa história escapariam de ser assaltados pelo distraído e ‘burranguela’ gigante Papa-Figo; porém não podem recorrer à polícia, porque viveram anos sem pagar impostos e correm o risco de serem imediatamente presos! Qualquer pessoa poderia ajudar a resolver o caso, mas escolheram chamar o Fernando... Sacaram?

Na companhia de Nan, hoje vou outra vez — Em busca do tesouro de Magritte, um conto policial e surrealista de Ricardo da Cunha Lima (FTD, 1988) com enquadramentos interessantes, algo cúbico e cubista, atravessando, com humor e ironia, as imagens do pintor francês. Entre espelhos que mostram suas próprias costas ou câmeras fotográficas que tiram retratos de você, no futuro, rosas e maçãs que crescem demais da conta, quem, nunca, quis falar pro garçom ou pra mamãe: tem um olho no meu bife!?? Um espia! Grite! Corra!

E eu ultimamente tenho ouvido algo sobre a literatura em campo expandido e cá penso: há mesmo literatura com horizonte reduzido? Creio que não. O livro, com sua trama fragmentária, com um narrador que muitas vezes se põe à nossa frente para tecer comentários sobre o plot que pipoca de pintura em pintura, não deixa de apresentar gracejos gráficos, desde a ideia de um livro dentro do livro. E o tesouro — que é pensar a linguagem — é dispensar a caretice das palavras e reencontrar a lógica do discurso como forma de crítica e reconstrução da realidade.

Mas, enfim, o quê o trungão do Papa-Figo roubou aos anjos? Eles não contaram nada ao Nan... Como encontrar o fruto do furto?

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