7 de julho de 2020
história de uma gata
☆ ME ALIMENTARAM,
me acariciaram,
me aliciaram,
me acostumaram.
O meu mundo era o apartamento.
Detefon, almofada e trato,
todo dia filé mignon
ou mesmo um bom filé... de gato.
Me diziam, todo momento:
fique em casa, não tome vento.
Mas é duro ficar na sua
quando à luz da lua
tantos gatos pela rua
toda a noite vão cantando assim:
Nós, gatos, já nascemos pobres,
porém, já nascemos livres.
Senhor, senhora, senhorio,
felino, não reconhecerás.
De manhã eu voltei pra casa,
fui barrada na portaria,
sem filé e sem almofada,
por causa da cantoria.
Mas agora o meu dia-a-dia
é no meio da gataria
pela rua virando lata
eu sou mais eu, mais gata,
numa louca serenata,
que de noite sai cantando assim:
Nós, gatos, já nascemos pobres,
porém, já nascemos livres.
Senhor, senhora, senhorio,
felino, não reconhecerás. ☆
Parte do musical OS SALTIMBANCOS, de Sergio Bardotti e Luiz Enriquez, com tradução de Chico Buarque (1977), "A história de uma gata" é aqui ilustrada com a colagem em papel de S&onia Magalhães @globaleditora (1996) pp. 14-16 #FiqueFirme #AbreAspas
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