Quis abri-lo lentamente em sua deliciosa metalinguagem: o leitor posto na capa, o olhar atento ao próprio livro. Um gato, um cachorro, atentos. Igualmente? Livres, somente os ratos para roer o mundo fora do livro.... E encontramos um quadro: um menino, chapéu de palha, as vogais na lousa, uma paisagem rural tão ao sul da França. No frontispício, os animais leem o título e o nome do autor como a um letreiro publicitário. São vários modos da relação visual-verbal que me ajudarão a entender o caráter de livro encenado e o uso de planos, recortes e molduras.
Sem escamotear a intenção de ensinar, temos a cartilha: as letras “tipo imprensa” são mesmo bonitas e ali está o mergulho que o esquilo faz em direção ao alfabeto, arremetendo-se no ar. Isso tudo não precisa ser explicado a uma criança, ela vê e se liga: les enfants sont assez intelligents! E é esse ‘intelligere’, ligar dois mundos, que lemos por toda a proposição do livro.
Palavras divididas silabicamente. Substantivos rubricados num tom puxado a magenta e a ilustração... oras, ilustrando. “Pequeno Léon, o que você vê na imagem?” A pergunta é caprichosa: a imagem não é uma coisa, como geralmente pensamos, mas um lugar. E você vê o aeroplano no ar? Ou a aranha? A ilustração nada representa, é um artifício ou montagem que apresenta uma realidade que não existe; por assim dizer, é surreal.
P.S. Jumelles pour lire? Merci.
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