
De Cláudio Levitan, PORTO ALEGRE NO LIVRO DAS CRIANÇAS PERDIDAS, com ilustrações de Ana Gruszynski (Artes e Ofícios, 2009). É uma aventura que conduz o leitor a espiar a história que passou sobre a paisagem da cidade, transformando-a continuamente. Há momentos de mistério, fantasia e curiosa animação:

Tudo ficou em silêncio, mas por pouco tempo [...] uma das estradas começou a andar sob os seus pés, como se fosse uma cobra.

De Christian David, MÃO DUPLA (Artes e Ofícios, 2008). O trânsito do leitor é para dentro do personagem Tiago e, do congestionamento de suas ideias, para um novo modo de descobrir a si mesmo. “Aleijado, maneta, deficiente físico, pessoa portadora de deficiência física. Tanto faz. Não tenho uma mão. A direita. A de escrever. A de segurar o joystick. Escovar os dentes. Passar manteiga no pão. A mão que me põe em contato com o mundo. Que eu perdi.”

De Luís Dill, DE CARONA, COM NITRO, ilustrações e projeto gráfico de Joãocaré (Artes e Ofícios, 2009). De carona com os ponteiros do relógio, a novela de Luís Dill não dilui um minuto sequer da expectativa do leitor: uma tragédia envolverá muitos sonhos e gente, “óleo e sangue misturados sobre o asfalto” — o que sempre é muito possível... Apenas desconhecemos o exato instante! Em uma narrativa mais que cinematográfica, clipes de histórias pessoais imitam a vida de qualquer (grande) cidade que não para para nos ver passar. Literatura alerta. Num livro de emoções em preto e branco. Ótimo.
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“As ruas são criaturas de pedra que têm alma de gente... São o contrário de certas criaturas que têm alma de pedra... E porque são criaturas, têm uma fisionomia própria e uma psicologia inconfundível.” Berilo Neves: Pampas e cochilhas (1932), citado por João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo, em Lembranças do Brasil: as capitais brasileiras nos cartões-postais e álbuns de lembrança (Solaris, 2004).
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