9 de agosto de 2025

ao som dos tambores

As cidades como começaram? Ainda que Platão medisse a extensão de uma comunidade política e social pelo alcance da voz de um orador, talvez o desenho prático da Cidade tenha começado ao som dos tambores agregando os homens (e as mulheres, e as crianças, a terra e o céu). Dentro dessa imagem de cultura, pois, havia música, ritmo, mito, poesia, troca, alimento, nascedouro de códigos compartilhados coletivamente. Dos caminhos seminômades ou das ocas bastante amplas dos povos originários brasileiros, Sérgio Capparelli reuniu e traduziu cantos e poemas que percorrem sonhos e realidades de mapuches; do povo shuar ou jívaro; dos incas e quéchuas; maias, astecas; nativos norte-americanos e canadenses, no livro O MENINO LEVADO AO CÉU PELA ANDORINHA (L&PM, 2013) ilustrado com gravuras de Eduardo Uchôa.

O título vem de um poema dos caxinauás que o mundo que não é tão grande, quando visto a partir “do céu da Terra”. O rio, por exemplo, para o menino em asas de andorinha, é tão somente uma sucuri gigante estendida no meio da relva. Há poesia-embriões e inaugurais, há versos de adivinhar as coisas, há cantos de guerra necessários. Quem é que, como um tigre, cavalga o vento com corpo assombrado? E da tradição rica e arcaica, vozes se erguem e mesclam utopias, como neste outro poema que une palavras do tupi e do caboclo, já em fins do século XIX:
te mandei um passarinho
patuá miri pupé
pintadinho de amarelo
iporanga ne iaué

te mandei um passarinho
numa caixa pequenina
pintadinho de amarelo
bonito que nem você
Este é um livro que tiro da estante, neste 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas.

#dobrasdapoesia
#sergiocapparelli
@eduardouchoaart
@lepmeditores
#povostradicionais
#povosoriginarios

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