10 de junho de 2009

Quando a vida floresce de outro modo


Jen Wojtowicz e Steve Adams
O MENINO QUE FLORESCIA
trad. Maria Luiza X. Borges
Edições SM, 2007
 
Com um ramalhete de rosas silvestres e um par de sapatos de couro de cobra nas mãos, Vicente chega à casa de Angelina. Sábado será a noite do baile — mas, até aquele momento, nem ele, nem ela haviam decidido ir. Vicente, porque é tímido e não sabe dançar. Angelina, por que... Embora tenha recebido muitos convites dos meninos e toda a sua família seja de exímios dançarinos, ela mesma sente-se desconfortável para ir ao baile, pois tem perna direita três centímetros mais curta do que a esquerda... Vicente havia imediatamente compreendido a tristeza da menina e trabalhou sem descanso nos sapatos especiais, um mais alto que o outro. Na escola, as outras crianças sentavam-se longe do calado Vicente, aquele menino (diziam) que nem morava na cidade: sua casa ficava bem pra lá de uma floresta de árvores centenárias, os membros de sua família tinham caras e manias muito estranhas. Mesmo que jamais notassem qualquer excentricidade no colega, o melhor para eles era manter distância. E, quando Angelina chegou, todos logo se animaram com seus modos afáveis — todavia, a menina de sorriso luminoso logo se deu conta de que havia um menino no fundo da sala com quem ninguém conversava. « Os Calaveiras eram a única família que vivia na Montanha Solitária. Os habitantes da cidade se perguntavam se eles moravam lá porque eram tão esquisitos ou se eram tão esquisitos porque moravam lá. Mas numa coisa todos concordavam: o clã Calaveira era um celeiro de estranhos e exóticos talentos. Tio Duda gostava de amansar cascavéis e todos os seus irmãos e primos tinham a capacidade de mudar de forma. Mas era o próprio Vicente que tinha o talento mais especial... »Vicente é um menino que floresce — em noites de lua cheia, brotam flores por todo o seu corpo — e este é o seu segredo. Neste conto de figuras mágicas, com personagens que parecem saídos do mundo das fadas, a escritora e artista plástica nova-iorquina Jen Wojtowicz celebra o respeito às diferenças e a amizade, empregando o lirismo e o humor como os principais ingredientes para diluir os equívocos e encaminhar uma feliz união no final da história. Por sua vez, Steve Adams, ilustrador canadense, igualmente evoca motivos populares tão apreciados pelo romantismo através de suas tintas acrílicas sobre madeira, dando às imagens uma textura lenhosa, mesclando ainda algo do expressionismo e do surrealismo, sob um toque de Munch e outro de Magritte. Há um predomínio de cores vibrantes, da perspectiva psicológica, das proporções e revelações inesperadas... E qual seria o secreto talento de Angelina? Depois do baile, você saberá ;-)
Imagem extraída de www.adamsillustration.com

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