Ciça Fittipaldi há muito tempo vem trabalhando com uma linguagem inspirada na expressão gráfica dos povos indígenas, tendo realizado inicialmente uma série de desenhos e recontos em oito livros para coleção Morená (1986-1988). Do especial convívio com a cultura yanomami, o exemplo de NARO, O GAMBÁ que preserva em ritmo-palavra e imagem o sabor mágico tradicional.
“Já estou vendo, está lá, o Gambá! Se esconde nas raízes das árvores. De gente, vira bicho, gambá debaixo das folhas secas. Agora é gente de novo, corre por um descampado... O medo faz o gambá voar. Crescem as penas rapidamente, toma altura. Olhem como voa! Não é mais que um ponto minúsculo lá em cima! Pica-Pau subia mais alto na árvore: – Desapareceu!... Apareceu de novo, um pontinho no céu. Entrou na toca do tatu. Saiu. Uma pedra o esconde... Lá está ele, vai se desviando para a Serra do Trovão. Sentou lá em cima... acho que vai ficar por lá... Não! Já se levantou! Pica-Pau tava nas pontas dos pés, no galho mais alto. Esticava o pescoço: – Lá está, Naro Gambá! A caminho do Morro Quebra-Facão. Vai parar... Lá tem uma pedra enorme, muito dura de quebrar!”Pela importância de sua obra, a artista já recebeu vários prêmios nacionais, como o selo Altamente Recomendável, da FNLIJ, o Prêmio Jabuti, APCA e o Prêmio Bienal de São Paulo, além de candidata ao Hans Christian Andersen em 1996 e 2016.
Obrigado, Ciça Fittipaldi!
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Outras imagens de NARO, O GAMBÁ
<> cicafittipaldi.com/2013/01
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AS MUITAS TABAS DE CIÇA
Extraído de Resumo do Cenário, 19 de abril.2009
<> resumodocenario.blogspot.com.br
Ilustrações de NARO, O GAMBÁ (mito dos índios yanomami), O MENINO E A FLAUTA (nambiquara), A LENDA DO GUARANÁ (sateré-maué) e A LINGUAGEM DOS PÁSSAROS (kamaiurá), respectivamente. Outros títulos da coleção: SUBIDA PRO CÉU (bororo), BACURAU DORME NO CHÃO (tucano), TAINÁ, ESTRELA AMANTE (karajá) e A ÁRVORE DO MUNDO E OUTROS FEITOS DE MACUNAÍMA (macuxi, wapixana, taulipang e arekuná).
Nas páginas pares, Ciça Fittipaldi usou imagens em sua função informativa (que descobrimos ao ler as notas no final de cada livro da série Morena). Acima, a representação de costumes dos Sateré-Maué: a festa da Tocandira de iniciação dos meninos à vida adulta, dançando com luvas de palha cheias de formigas e o beneficiamento do fruto do guaraná para transformá-lo em uma bebida, o çapó.
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