19 de abril de 2016

lá está, naro gambá!

Comunidade Dobras da Leitura


Ciça Fittipaldi há muito tempo vem trabalhando com uma linguagem inspirada na expressão gráfica dos povos indígenas, tendo realizado inicialmente uma série de desenhos e recontos em oito livros para coleção Morená (1986-1988). Do especial convívio com a cultura yanomami, o exemplo de NARO, O GAMBÁ que preserva em ritmo-palavra e imagem o sabor mágico tradicional.
“Já estou vendo, está lá, o Gambá! Se esconde nas raízes das árvores. De gente, vira bicho, gambá debaixo das folhas secas. Agora é gente de novo, corre por um descampado... O medo faz o gambá voar. Crescem as penas rapidamente, toma altura. Olhem como voa! Não é mais que um ponto minúsculo lá em cima! Pica-Pau subia mais alto na árvore: – Desapareceu!... Apareceu de novo, um pontinho no céu. Entrou na toca do tatu. Saiu. Uma pedra o esconde... Lá está ele, vai se desviando para a Serra do Trovão. Sentou lá em cima... acho que vai ficar por lá... Não! Já se levantou! Pica-Pau tava nas pontas dos pés, no galho mais alto. Esticava o pescoço: – Lá está, Naro Gambá! A caminho do Morro Quebra-Facão. Vai parar... Lá tem uma pedra enorme, muito dura de quebrar!” 
Pela importância de sua obra, a artista já recebeu vários prêmios nacionais, como o selo Altamente Recomendável, da FNLIJ, o Prêmio Jabuti, APCA e o Prêmio Bienal de São Paulo, além de candidata ao Hans Christian Andersen em 1996 e 2016.

Viva Ciça, viva Ciça Fittipaldi!


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Veja abaixo a postagem AS MUITAS TABAS DE CIÇA

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