21 de novembro de 2024

com jeitão de zine?

dobrasdaleitura | Com cara de contracultura e algumas poucas ilustrações com jeitão de zine, era mais divertida a literatura infantojuvenil? Considerada uma novela meio cubista-meio surrealista, O CANECO DE PRATA, de João Carlos Marinho (1986), assim começa, com um narrador-câmera, aparentemente afastado das emoções das personagens:

1
A Berenice resolveu pegar o disco voador e convidou o gordo. Subiram o morro do Jaraguá e depositaram o prato de morango em cima de uma rocha. A Berenice abriu o invólucro de chantilly e foi espalhando cuidadosamente sobre os morangos. O marciano desceu do disco. Era um sujeito azul e antes de comer perguntou se estavam servidos.
2
O gordo sentou na sala de espera esperando a sua vez. Havia quadros impressionistas, dois neuróticos, um carpete e uma secretária. Um neurótico ofereceu cigarro ao gordo. Pela porta do psicanalista saiu um neurótico. A secretária falou que era vez do gordo. O gordo foi pisando pelo carpete por uma entre-sala onde não tinha ninguém a não ser mais quadros impressionistas e desembocou em uma outra sala onde achou um sujeito cinzento que lhe disse: — Deite neste divã e diga o que lhe passa pela cabeça.
#ocanecodeprata
#joaocarlosmarinho

P.S. Para uma amiga Obergossaura.
Beijos de Peterodactillus

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