Taisa Borges, no livro de imagem A bela adormecida (Peirópolis, 2007), remonta a versão de Charles Perrault, em meio à estamparia floral que evoca os longos braços de folhas e espinhos que circundaram o velho castelo.
São finíssimos os traços que detalhadamente desenham rostos e vão contornando os volumes todo-brancos do cenário e do rico figurino. Como que assinalando faltas e ausências, as imagens surgem tingidas por um vazio de cores — um amarelo apenas esmaece ao fundo do casal real; um vermelho pouco rubro mancha a toalha da mesa, onde se reúnem sete fadas elegantes, durante a celebração do nascimento da princesa; mais adiante, existe um verde que a esperança do príncipe exige sobre seu manto... E branca será a floresta por onde o amado há de passar. Somente o vestido de Bela tem sempre cores, da ansiedade juvenil ao sono irrevogável: vermelho, azul, amarelo, o corpete, o recortado das mangas, a saia, a floração que ali se insinua em giros e onde mesmo há de brotar um novo matiz para a sua história.
Pois bem: ao escolher a versão francesa do conto, Taisa Borges reserva as páginas centrais para uma seqüência, por vezes, desconhecida dos pequenos leitores. Sob a proteção do castelo, no aconchego da floresta de abraços, Bela e o príncipe tiveram dois filhos — e é mais do que chegado o momento dele apresentar a nova família, em outro reino, perante seus pais. E as cores, as vestes escuras, o rosto mal iluminado da Rainha-Mãe antecipam o destino sombrio que está para acontecer!
Neste trabalho, que encerra uma trilogia de homenagens aos contos de fadas, Taisa Borges enfrenta o desafio de cenas mais estáticas e estancadas, principalmente na primeira parte do livro, como se os personagens estivessem posando para um quadro ou parados à beira de um palco. As páginas são verdadeiramente rememorativas, exibindo certos momentos do conto, sem encadeamento de ações, o que exige conhecimento e esforço da memória para o leitor completar a narração.
São finíssimos os traços que detalhadamente desenham rostos e vão contornando os volumes todo-brancos do cenário e do rico figurino. Como que assinalando faltas e ausências, as imagens surgem tingidas por um vazio de cores — um amarelo apenas esmaece ao fundo do casal real; um vermelho pouco rubro mancha a toalha da mesa, onde se reúnem sete fadas elegantes, durante a celebração do nascimento da princesa; mais adiante, existe um verde que a esperança do príncipe exige sobre seu manto... E branca será a floresta por onde o amado há de passar. Somente o vestido de Bela tem sempre cores, da ansiedade juvenil ao sono irrevogável: vermelho, azul, amarelo, o corpete, o recortado das mangas, a saia, a floração que ali se insinua em giros e onde mesmo há de brotar um novo matiz para a sua história.
Pois bem: ao escolher a versão francesa do conto, Taisa Borges reserva as páginas centrais para uma seqüência, por vezes, desconhecida dos pequenos leitores. Sob a proteção do castelo, no aconchego da floresta de abraços, Bela e o príncipe tiveram dois filhos — e é mais do que chegado o momento dele apresentar a nova família, em outro reino, perante seus pais. E as cores, as vestes escuras, o rosto mal iluminado da Rainha-Mãe antecipam o destino sombrio que está para acontecer!
Neste trabalho, que encerra uma trilogia de homenagens aos contos de fadas, Taisa Borges enfrenta o desafio de cenas mais estáticas e estancadas, principalmente na primeira parte do livro, como se os personagens estivessem posando para um quadro ou parados à beira de um palco. As páginas são verdadeiramente rememorativas, exibindo certos momentos do conto, sem encadeamento de ações, o que exige conhecimento e esforço da memória para o leitor completar a narração.
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