Da voz à palavra escrita, os contos tradicionais guardaram imagens sabiamente mágicas na medida em que libertam a mente para o sonho. Mesmo um conto que se inicia tristemente e desperta sentimentos de desamparo, possui nuances de força, brilho e otimismo. Assim, para escapar da floresta, João e Maria ludibriam a má sorte com pedrinhas brancas cor de lua e encontram o caminho de volta para a casa. No entanto, ao marcarem a trilha com pedacinhos de pão, as crianças são conduzidas à ventura em bico de passarinho...
Inspirado no conto registrado pelos Irmãos Grimm e nas pinturas de Kirchner, o segundo livro de imagem de Taisa Borges: João e Maria (Peirópolis, 2006) parte do Romantismo no início do XIX para refugiar-se nas cores e nas formas do Expressionismo, às vésperas da Primeira Guerra. A autora adivinha e alinhava tradições pictóricas e literárias num gesto particular de contigüidade. Entre a angústia e a pobreza, existe, pois, um mal estar social representado “nas formas quase sempre pontiagudas e nas cores, às vezes sombrias, e outras puras e quase sem nuances, criando ambientes instintivos e, em certos momentos, agressivos”, de acordo com Taisa.
Ao instinto, então. Que o leitor se deixe capturar — e, mais que compreender com a razão, sinta o efeito das cores em sua sensibilidade. Desde as paredes internas da casa, tingidas de vermelho intenso e dramático, à noite sem fim através da floresta, a trama visual evoca o estado de abandono das personagens. E João e Maria têm figuração em branco e preto, alheios às cores, de fato, às outras dores.
Inspirado no conto registrado pelos Irmãos Grimm e nas pinturas de Kirchner, o segundo livro de imagem de Taisa Borges: João e Maria (Peirópolis, 2006) parte do Romantismo no início do XIX para refugiar-se nas cores e nas formas do Expressionismo, às vésperas da Primeira Guerra. A autora adivinha e alinhava tradições pictóricas e literárias num gesto particular de contigüidade. Entre a angústia e a pobreza, existe, pois, um mal estar social representado “nas formas quase sempre pontiagudas e nas cores, às vezes sombrias, e outras puras e quase sem nuances, criando ambientes instintivos e, em certos momentos, agressivos”, de acordo com Taisa.
Ao instinto, então. Que o leitor se deixe capturar — e, mais que compreender com a razão, sinta o efeito das cores em sua sensibilidade. Desde as paredes internas da casa, tingidas de vermelho intenso e dramático, à noite sem fim através da floresta, a trama visual evoca o estado de abandono das personagens. E João e Maria têm figuração em branco e preto, alheios às cores, de fato, às outras dores.
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