8 de agosto de 2010

O homem que amava caixas

por Peter O'Sagae

Por vezes, usamos palavras demais para pensar no silêncio. Por vezes, um silêncio pouco suficiente para falar dos sentimentos. O homem que amava caixas certamente não tinha palavras, ou disposição junto a elas, para dizer ao filho o quanto o amava — mas tinha as caixas para preencher o silêncio que habitava entre eles. Transformadas em castelos e aviões para o menino brincar, as caixas sempre foram uma maneira muito especial de compartilharem um sentimento mútuo. Em silêncio.

Escrito e ilustrado por Stephen Michael King, O homem que amava caixas (Brinque-Book, 1997) é um delicado livro ilustrado, produzido originalmente em 1995.
A imagem visual encarrega-se de transmitir a informação que o código lingüístico estrategicamente silencia — a descrição de cenários, tempo e paisagens, mais a caracterização de personagens, animais, objetos, etc. E a distância entre pai e filho é reforçada pela expressão dos olhos, pelas cores, pela oposição entre espaços fechados e abertos.

Inicialmente, como dentro de sua própria caixa, o homem lê um livro no conforto da sala de casa, sai à varanda, retorna para sua oficina. O filho é todo horizonte, praia, mar e montanha, cabelos ao vento em desalinho e desalento. O tempo preenche caixas de todos os tipos e tamanhos... As novidades construídas pelo pai acabam por trazer o menino para mais perto e dentro de casa, enquanto outros brinquedos permitem voos lá fora, no alto e imenso céu. Ambos sabem que não é preciso dar ouvidos ao estranhamento dos outros, porque nem todos os sentimentos necessitam ser verbalizados.

2 comentários:

  1. Eu adoro este livro!!!

    Perfeito pro dia dos pais...

    =)

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  2. Esse cara é como eu.. além do Caixa Postal, do Caixa Surpresa, no Jogo Limpo falo sobre a caixa de lágrimas..:-)

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