por Peter O’Sagae
Quando meu pai morreu, a minha vida parou. Eu não sabia ainda qual e quanto sentimento estava represado, que nome dar ao que sentia e como diminuir as lágrimas que se derramavam igualmente além desta existência. 2008 foi um ano em que se anteciparam à minha vontade um amigo-adulto que tive na infância chamado Agamenon, o poeta Elias José e meu pai. Eu estava sensível e não sabia.
Porque raramente temos a educação dos pensamentos rumo às verdadeiras questões da vida e sofremos quando uma mudança inevitável se interpõe em nosso caminho. Inevitável, pensamos nós, porque somos pequenos frente a toda forma de silêncio. Contudo, exite um silêncio que deveríamos saber significativamente belo, porque nos transforma. Se não temos mais aqueles instantes de ver e abraçar as pessoas amadas, é porque talvez elas tenham vindo morar em nosso próprio íntimo, sem nos acordarmos por qual estrada vieram.
E é um sentido novo de saudade que se revela igualmente nas páginas do livro O guarda-chuva do vovô, do casal Carolina Moreyra e Odilon Moraes (DCL, 2008). Não é como uma ausência na casa vazia, um retrato na parede parado, uma lembrança de viagem que não se repetirá. Ao contrário, existe uma saudade-saudável que traz felicidade e presença, quando abrimos o sentimento à estrada da gratidão da experiência vivida, nos fazendo achegar outra vez de nossos queridos companheiros.
No livro, debaixo de um guarda-chuva, a neta confessa: “Quando chove as janelas ficam todas fechadas, os jardins ficam molhados e não podemos brincar lá fora. Muita gente não gosta quando chove... mas eu fico feliz, porque sei que o vovô também está.” Este é o seu segredo, conforme leio no meu próprio guarda-silêncio: descobrir e reconhecer, mesmo que pareça tão difícil, a oportunidade maior que a vida nos estende: um reencontro interior e eterno.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsRtpeIasKXMSfzxz_G_Ab1uRpYS-kZc2MIxHag6Ka7Kj8v4F2fZ_JLdyozv2ljsMOGetKuh_2VsIOrIuaF1hjSR5dT-QyPHub-nOEBasPTeZX9Feoy5H1M426L7IHOOzFWswFBnttKc8/s400/guardachuvavovo7.jpg)
Porque raramente temos a educação dos pensamentos rumo às verdadeiras questões da vida e sofremos quando uma mudança inevitável se interpõe em nosso caminho. Inevitável, pensamos nós, porque somos pequenos frente a toda forma de silêncio. Contudo, exite um silêncio que deveríamos saber significativamente belo, porque nos transforma. Se não temos mais aqueles instantes de ver e abraçar as pessoas amadas, é porque talvez elas tenham vindo morar em nosso próprio íntimo, sem nos acordarmos por qual estrada vieram.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh32V3JzQupo8bJXXTzPO5fub9TkZsiaW9Gcu8iZDJq7X6pKBRRf3hnDw0eLeDwNA5ys4jJoUEIOGp4lNTMyzHJZ5F3fp91CCiOerLrGcOck5hQH33NYxYn4xQSbIhRMfKLWaN6v4E49jC2/s320/guardachuvavovo.jpg)
No livro, debaixo de um guarda-chuva, a neta confessa: “Quando chove as janelas ficam todas fechadas, os jardins ficam molhados e não podemos brincar lá fora. Muita gente não gosta quando chove... mas eu fico feliz, porque sei que o vovô também está.” Este é o seu segredo, conforme leio no meu próprio guarda-silêncio: descobrir e reconhecer, mesmo que pareça tão difícil, a oportunidade maior que a vida nos estende: um reencontro interior e eterno.
Um ótimo domingo em companhia de nossos pais, com um pouco de literatura sugerida.
Peter, li os dois primeiros parágrafos da introdução e parei. Emoção pura, que traduz exatamente o tenho sentido com a perda de minha amiga este mês. Tomei a liberdade de copiar e postar no meu blog (devidamente nominado), além de mandar para algumas pessoas queridas. Obrigada: singela leitura de Carolina Moreyra, leitor compartilhando o íntimo é melhor.
ResponderExcluirJaqueline Sampaio
Que bonito!
ResponderExcluirPeter... engasguei. Lindo.
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