16 de abril de 2011

numa terra de poesia

contando com peter o ;-) sagae 3/9


A ilustradora Isol refere-se ao texto de Jorge Luján como um misterioso poema, todavia suas imagens não são menos intrigantes que os versos do compatriota argentino. Numerália, poema para contar (Edições SM, 2009) é uma obra de refinado humor e referências a histórias, expressões populares e toda uma sorte de brinquedos falados que os mais chatos chamariam inutilidades... Ao contrário, são vestígios de poesia que repetidamente-repetidos da boca ao ouvido adentram o imaginário particular de cada criança.

Lembro das riquezas miúdas da língua, na voz da madrinha que fazia doces e perguntava como se fazia para colocar um ovo em pé… Não havia resposta que se pudesse dar, mas estranhamento. E eis aí, talvez dez vezes a idade daquela época, os versos de Luján me olhando, me OuVindO, me duvidando: “O O para aprender como deixar um ovo em pé.” O que foi que eu aprendi? E você?


A lição é semioticamente afeita a inteligência infantil e um modo especial de compreender as coisas, via analogia, tal e qual elas se parecem, se emparelham, se espelham… “O 1 para a menor bandeira do mundo.” E? Rima que rima o nome do número dentro de um mUNdo de possibilidades e de imaginação: com que o 1 se parece, senão uma bandeira? Quem há de carregá-la? A resposta fica por conta do leitor. E também pelas imagens que o poeta despertou em Isol…

O 2 nos faz lembrar um patinho? Jorge Luján lembra que o patinho “nem sempre é feio”… E o 3, por que evoca beijos de boa noite? O quatro é feito uma cadeira de ponta-cabeça? Quem ali poderá sentar-se? Imagens e algarismos trocam de lugar e função na poesia e na matemágica do olhar: ora, temos desenhos para contar, ora, números para identificar, em seu contorno, onde está. Numerália, um poema misterioso que preenche nosso tempo de miudezas tão ricas!



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