Ao título, o autor acrescenta uma pista quanto ao gênero de sua composição: trata-se de uma balada ingênua e bem assim soarão os versos aos ouvidos de quem se fizer pequenino e souber perfurar com risos o vento, conforme repete o estribilho na primeira parte do texto. Temos aí a evocação de uma atmosfera lendária a respeito da passagem do santo por uma aldeia e o que dizem a respeito as muitas vozes que se perdem em coro de homens e meninos.
Resgatando a tradição medieval dos relatos de vida de santos, García Lorca inicialmente descreve Tiago como um guerreiro a frente de um tropel de duzentos cavalos,
“a cabeça cheia de plumagens
e de pérolas mui finas o corpo,
com a lua rendida a seus pés,
com o sol escondido no peito”.
Na segunda parte do poema, menos que a narração de fatos, o texto evoca beleza e mistério suscitados ante a visão do apóstolo, de acordo com a lembrança de uma velha aldeã que tece à roca efeitos de puro encantamento sobre os ouvintes. Todos pedem a ela uma prova de que tenha recebido o milagre da santa visita em sua casa..., mas, dentro dela, resistem apenas a bondade, um sentimento de gratidão e o sorriso fulgurante de uma estrela no céu.
Imagens, sonoridades, magia e ritmo: elementos particulares do texto de García Lorca, uma ótima sugestão para leitura em voz alta. Poesia para todas as idades.
Que bonito!
ResponderExcluirFiquei curioso para conhecer esse livro de perto! Parece ser lindo!
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