12 de maio de 2011

silente visão, lírica viagem

Um poema de García Lorca, escrito em 1918, em um livro para crianças: SANTIAGO, com tradução de William Agel de Melo e ilustrações de Javier Zabala (WMF Martins Fontes, 2009). Comentários de Peter O’Sagae.



Ao título, o autor acrescenta uma pista quanto ao gênero de sua composição: trata-se de uma balada ingênua e bem assim soarão os versos aos ouvidos de quem se fizer pequenino e souber perfurar com risos o vento, conforme repete o estribilho na primeira parte do texto. Temos aí a evocação de uma atmosfera lendária a respeito da passagem do santo por uma aldeia e o que dizem a respeito as muitas vozes que se perdem em coro de homens e meninos.



Resgatando a tradição medieval dos relatos de vida de santos, García Lorca inicialmente descreve Tiago como um guerreiro a frente de um tropel de duzentos cavalos,
“a cabeça cheia de plumagens
e de pérolas mui finas o corpo,
com a lua rendida a seus pés,
com o sol escondido no peito”.



Na segunda parte do poema, menos que a narração de fatos, o texto evoca beleza e mistério suscitados ante a visão do apóstolo, de acordo com a lembrança de uma velha aldeã que tece à roca efeitos de puro encantamento sobre os ouvintes. Todos pedem a ela uma prova de que tenha recebido o milagre da santa visita em sua casa..., mas, dentro dela, resistem apenas a bondade, um sentimento de gratidão e o sorriso fulgurante de uma estrela no céu.



Imagens, sonoridades, magia e ritmo: elementos particulares do texto de García Lorca, uma ótima sugestão para leitura em voz alta. Poesia para todas as idades.

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