contando com peter o’sagae 1/9
Livros de contar são ou não literatura? Livros de contar são, se vocês me permitem pensar bakhtinianamente — um gênero secundário, uma dobra que se fixa na linguagem gráfico-visual a partir das tradicionais parlendas e estas, sim — um gênero primário da comunicação boca-ouvido, com estilo, forma, função e assunto muitas vezes bem definidos: um gênero da literatura oral, como bem sibilou Paul Sébillot nos idos de 1881: uma manifestação de fundo literário transmitida por processos não gráficos, ufa!
E parlendas são: versos de cinco ou mais sílabas recitados para acalmar e entreter as crianças, ou escolher quem vai iniciar um jogo ou participar da brincadeira: uni-duni-tê,,,,, Olhe bem que cinco são e lá vai um Cascudo na palminha de uma mão: “Quando a parlenda é destinada à fixação de números ou idéias primárias, dias da semana, cores, nome dos meses, etc. chamo mnemonias.” Deveria eu, pois, apagar o parágrafo anterior e começar novamente:
Livros de contar são dobras novas de antigas mnenomias populares que brincam com rimas, mantendo a finalidade de ensinar ou fixar os números e noções de ordem, quantidade, acréscimo ou diminuição... Livros de contar não seriam por si apenas literatura, não viessem eles (eis aí a questão) individualizar a experiência da língua e da leitura.
Entre números e letras, os livros de contar são dirigidos a quem ainda não sabe ou não aprendeu a ler sozinho. Por isso, recorrem a um parceiro-ouvinte, demandam uma modalidade de leitura compartilhada: o conjunto versos & ilustrações volta-se para o momento falado-dialogado entre a criança e seu preceptor.
Há no mercado editorial um, dois, três, muitos livros de contar. As condições que promovem o número crescente dessas publicações, ora, estão nos editais de compra do governo que, a partir de 2008, passaram a atender a educação infantil [+]. Livros de contar e mnemonias à solta: mas nem todos (me)-dão coragem. De co(me)ntar.
Nos próximos dias, uma sequência de álbuns e livros de contar.
Livros de contar são ou não literatura? Livros de contar são, se vocês me permitem pensar bakhtinianamente — um gênero secundário, uma dobra que se fixa na linguagem gráfico-visual a partir das tradicionais parlendas e estas, sim — um gênero primário da comunicação boca-ouvido, com estilo, forma, função e assunto muitas vezes bem definidos: um gênero da literatura oral, como bem sibilou Paul Sébillot nos idos de 1881: uma manifestação de fundo literário transmitida por processos não gráficos, ufa!
E parlendas são: versos de cinco ou mais sílabas recitados para acalmar e entreter as crianças, ou escolher quem vai iniciar um jogo ou participar da brincadeira: uni-duni-tê,,,,, Olhe bem que cinco são e lá vai um Cascudo na palminha de uma mão: “Quando a parlenda é destinada à fixação de números ou idéias primárias, dias da semana, cores, nome dos meses, etc. chamo mnemonias.” Deveria eu, pois, apagar o parágrafo anterior e começar novamente:
Livros de contar são dobras novas de antigas mnenomias populares que brincam com rimas, mantendo a finalidade de ensinar ou fixar os números e noções de ordem, quantidade, acréscimo ou diminuição... Livros de contar não seriam por si apenas literatura, não viessem eles (eis aí a questão) individualizar a experiência da língua e da leitura.
Entre números e letras, os livros de contar são dirigidos a quem ainda não sabe ou não aprendeu a ler sozinho. Por isso, recorrem a um parceiro-ouvinte, demandam uma modalidade de leitura compartilhada: o conjunto versos & ilustrações volta-se para o momento falado-dialogado entre a criança e seu preceptor.
Há no mercado editorial um, dois, três, muitos livros de contar. As condições que promovem o número crescente dessas publicações, ora, estão nos editais de compra do governo que, a partir de 2008, passaram a atender a educação infantil [+]. Livros de contar e mnemonias à solta: mas nem todos (me)-dão coragem. De co(me)ntar.
Nos próximos dias, uma sequência de álbuns e livros de contar.
1, 2, 3... Faltam quantos dias pra continuação desse texto???
ResponderExcluirO tema é pertinente, Peter. Sem nenhuma carga formal, acadêmico, encontro muitos livros pobres e outros riquíssimos quando se trata dos números. Dos que vc ilustra no post, gosto da criatividade da Angela com seus monstroinhos e acho que Numerália é genial!!!
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