comentários de peter o'sagae
Quatro versões de histórias da oralidade nordestina: é com este subtítulo que Arlene Holanda abre as páginas de seu Cordel de Trancoso, com ilustrações de Jabson Simões (Conhecimento Editora, 2009) — e, com muita maestria, ela tira versos muito fáceis de recitar.
“Enquanto o sertão não vira mar” resgata uma antiga profecia ditada por muitos beatos, Frei Damião, padim Cícero, Antônio Conselheiro, Zé Lourenço, entre outros visionários de uma outra realidade, de um fatal e líquido destino. É um canto-todo-convite que autora oferece para adentrarmos no clima de maravilhas e bendição, imaginando o dia em que as sereias virão se enfrentar em memoráveis duelos como fazem os cantadores de desafio em terra seca.
Depois, vem “A maldição da botija”, uma variação sobre as histórias da botija de ouro e o lugar desconhecido onde foi enterrada. Rezam as lendas que a alma dos antigos proprietários podem aparecer no caminho de algum desavisado para doar o tesouro; no entanto, é preciso de muita valentia para cumprir com as tarefas exigidas...
O terceiro cordel vem narrar e celebrar “O Reino da Pedra Furada”, dos encantos da mouraria, a princesa transformada em dragão, às areias e águas de Jericoacoara. Por fim, “A história do vaqueiro Damião que não tinha medo de assombração” e encontra visagens de boi Meia-Noite, Batatão e Mandingueiro em seu destemido caminho.
Qual ferro em couro de boi
A lição ficou gravada
Em seus mistérios, a vida
Inda não foi revelada.
Mas uma coisa é certa:
Precisa ser respeitada.
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