6 de setembro de 2013

enquadramento, engendramento

setembro na mesa 3


Como delimitar o campo literário com as fronteiras móveis entre o livro ilustrado para crianças e outros que contém imagem? Sophie Van der Linden (vide acima) apresenta suscintamente diferentes propostas editoriais e, entre elas, as histórias em quadrinhos: “Forma de expressão caracterizada não pela presença de quadrinhos e balões, e sim pela articulação de imagens solidárias. A organização da página corresponde – majoritariamente – a uma disposição compartimentada, isto é, os quadrinhos se encontram justapostos em vários níveis.” E, abrindo o volume Clássicos em HQ, organizado pela editora Renata Farhat Borges (Peirópolis, 2013), vamos lembrando que essas narrativas ou novelas gráficas são verdadeiramente agenciadas pelos cortes ou entrequadros que ajudam a definir mais que a plasticidade do espaço visual, uma vez que correspondem a um “lugar próprio da linguagem dos quadrinhos onde reside toda a magia do tempo e a imaginação do leitor”.

Comemorando a publicação de dez projetos em HQ, desde 2005, Renata Farhat Borges mostra o caminho venturoso da adaptação de clássicos como leitura e traduções possíveis das obras originais. Portanto, passagem de um sistema semiótico – como é a literatura – para um novo sistema semiótico, uma construção articulada por acréscimo e permuta com o código visual. E é interessante notar como estudiosos e teóricos ajudaram a desenvolver para as histórias em quadrinhos uma metalinguagem crítica, suficientemente clara, algo que a literatura para crianças e jovens ainda não alcançou. Reconhecendo a HQ como uma linguagem, também se reconhecem seu estatuto artístico e instrumental, e suas estruturas formais particulares e partilhadas com outras produções culturais. Enfim, um vasto cenário aí se descortina...


Ao reunir artigos de caráter teórico sobre a história e o processo de quadrinização de textos literários no Brasil, entrevistas com seus criadores, trechos de obras já publicadas e dos títulos em produção pela Peiropólis, Clássicos em HQ, com uma tiragem limitada a 1.500 exemplares impressos e distribuição gratuita, funciona duplamente como material instrucional na formação de mediadores de leitura e um inteligente catálogo promocional que antecipa os futuros lançamentos.

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P.S. Clássicos em HQ também está disponível para download.

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