29 de junho de 2018

Porque somos habitados de ritos e orixás.


Se o Tempo guarda uma cor, será certamente um horizonte de lilases rosados como as aquarelas de Edsoleda Santos para emoldurar a inflexível temperança de NANÃ, a Velha. De seu ventre nasceram os orixás que regem a saúde, a beleza, a alegria e os ciclos da natureza. Nanã é água que enlaça a terra, alma e lama que prescinde do labor do ferro para reger as transformações de nascimento e morte. SALÚBA!


Não se deve prender a força e a beleza da água entre as paredes rudes da montanha ou de uma vida comum. Edsoleda Santos reconta a lenda da filha do Oceano -- IEMANJÁ para nos fazer lembrar que a água que, vem do mar, ao mar retornará. Livre. Onde ondas azuis bordadas de espuma recebem a divindade, envolvendo o seu corpo com pérolas. Mãe Africana de Seios Chorosos, ODÒ ÌYÁ!


Todo mito é circular, bem o sabemos. XANGÔ, filho de Oranian e Torosi, nasceu em Oyó e a esta cidade há de voltar para presidir os doze obás ou ministros do reino. Arrogante e causador de confusão na infância e na juventude, foi um dia recebido na casa de Ogum, o senhor dos metais, porém o som do martelo na bigorna abafou os passos do visitante e de Iansã fugindo para uma nova vida. KAWÓ KABIYÈSI LE


Já nos tempos mágicos dos nigerianos reinos, nasceram os filhos de Xangô, deus do trovão, e Iansã, deusa dos raios e das tempestades, enfim, os IBEJIS que nos acordam para nossa consciência ancestral. A história do festivo nascimento dos gêmeos busca responder às questões mais elementares: quem são nossos pais, quem nos criou, de onde viemos. O casal, ligado aos fenômenos do céu, anuncia a descida da água à terra, fertilizando-a, e durante o relato floresce o mito da mãe a lutar bravamente contra a separação momentânea da morte de um de seus queridos filhos. A história, assim, preserva, através dos símbolos da fé, nosso anseio pela divindade.


Por fim, é necessário lembrar: o mal e o remédio estão contidos em um mesmo símbolo, em um mesmo orixá, no mesmo ato e suas potencialidades, conquanto nossa intenção é nossa sentença... Os passos de Omolu ressoam com força magnífica sobre o destino dos homens. Aonde chega, traz prosperidade porque é o Rei, Filho do Senhor. Ele é OBALUAÊ, o Velho que nos exige o Respeito. Detrás das palhas que escondem seu rosto, há luz. Muita luz. ATOTÔ!

* * * 

P.S. A coleção “Lendas Africanas dos Orixás” é composta de sete títulos, dos quais cinco serão apresentados e autógrafos pela autora Edsoleta Santos na Livraria 97, em São Paulo, neste 30 de junho. Textos (revistos) e fotos anteriormente publicados no Instagram e Dobras da Leitura O’Blog: o abraço dos orixás, 20 de nov. 2012. Fotos adicionais: Editora Solisluna/Divulgação.

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