17 de agosto de 2009

Roseana nas alturas


Roseana Murray
il. Mari Ines Piekas
Poemas de céu
Paulinas, 2009

ISBN 9788535623888
20 x 28 cm 24p.


Dizem que os poetas habitam o céu. Não sei... O que me dão por verdade é que, durante séculos, tiveram olhos para as estrelas e outros astros, fazendo versos sentimentais de toda métrica. Apenas um Manuel Bandeira, certo dia, teria decidido demissionar a lua de atribuições (e atribulações) românticas. No entanto, parece que nem todos estiveram de acordo para abandonar a mansidão escura e imensa da noite — e por lá ficaram muitos: como Roseana Murray.

Parece também que o céu tem funduras e Roseana continua pescando versos com a mesma linha com quê imaginou o cais de outros amores, desertos, jardins e madrugadas. Neste livro, o eu-lírico salta ao quintal do céu para colher uma estrela cadente — no entanto, numa insistente e curtida solidão como se fosse apenas possível o mergulho para dentro de si. Ora, direi efeito fazer soar na voz de poeta uma voz que adolesce, sentindo “essa coisa esquisita” que é como um pedaço faltando, um buraco negro dentro da alma... Assim, contrariando a própria ciência que lança sondas aos confins e encanta-se, nem mesmo o cosmos é percebido e explorado por um olhar poético que extravaga por espaços de belezas astronômicas e siderais.

Poemas de céu é uma coletânea que traz auroras, sinos de vento e prata, crepúsculo, via Láctea, sonho, arco-íris, força da gravidade, extraterrestres, constelações distantes, caminho de estrelas — tudo que atravessa e habita o céu, impondo unidade temática. Porém, a janela desses versos não é aberta unicamente para o leitor juvenil, como seria de suspeitar. Alguns poemas são destinados a crianças menores; embora poucos, são eles que deram o tom para o projeto gráfico e a ilustração de Mari Ines Piekas: sem mistério e didaticamente diagramado.



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