18 de junho de 2010

Despedindo-se de uma forma serena e tranquila


Quem sabe se um dia virei a ler
outra vez esta história, escrita por ti
que me lês, mas muito mais bonita?...”



Entrecho final de A maior flor do mundo (2001), publicado em Portugal pela Editorial Caminho e, no Brasil, pela Companhia das Letrinhas, com ilustrações de João Caetano. O Prêmio Nobel de Literatura 1998, José Saramago, nasceu a 16 de novembro de 1922 e hoje partiu.

Por onde o menino vai...

por Peter O'Sagae


Página e paisagem se tocam. Ideias e possibilidades de jogo também. A um só tempo, a estrada escorre da tinta numa quase-homenagem ao imaginário que flutua no rio de palavras. A dupla-página, contudo, permite uma leitura inversa:
basta virar o livro que temos à mão para saber que as imagens do mundo fantástico escorrem pelo mesmo rio de tinta que dá vestimenta à escritura. É o suporte físico que se entrega ao leitor como signo-de-uma-coisa com a qual se pode brincar, pela manipulação — tão bem definida pela etimologia e a história dessa palavra nos dicionários, entre 1716 e 1767, ação de manipular substâncias químicas, ação de influenciar as pessoas; já em 1931, exercício do ilusionismo. Do latim clássico, “manipùlus”, manípulo, punhado. Um só punhado-fragmento basta — a obra não se esgota, a teoria sim.


* Da tese Imagens & enigmas na literatura para crianças que defendi em 2008. Não estudei à exaustão, apenas deixei entrevistas as imagens cinéticas que o livro-enquanto-objeto abre às mãos do leitor infantil.

Outras conjugações

por Peter O' Sagae


Na verdade, sonho que uma criança encontre na minha leitura do mundo, a sua própria leitura. Que uma criança descubra os seus próprios caminhos nos meus descaminhos e reinvente meu conto, na medida das suas próprias fantasias.

Angela Lago (1989)

O artista lê a obra de arte que atinge o observador que lê a obra dearte que influencia o artista, e o movimento não pára mais, por mais que o objeto de arte esteja imóvel. A leitura do olhar é dinâmica.
Roger Mello (2002)




* Recortes e estripulias na tese, à moda de epígrafe na entrada dos capítulos: tirando um fragmento daqui para colar com outro que veio de acolá, ou bem alhures, criou-se uma leitura imaginária... Nem Roger, nem Angela, nem Saramago assim, porém todos eles então!

10 de junho de 2010

lição que não sai de moda

(e dois livros que também não)

UM APÓLOGO, no texto original de Machado de Assis, com ilustrações digitais a partir de imagens e registros do século XIX, por Ana Raquel (DCL, 2003), e na adaptação de Paulo Betancur, com o sugestivo título AGULHA OU LINHA, QUEM É A RAINHA? e as ilustrações em lápis de cor realizadas por Guazzelli, ainda assinando Eloar Filho (Projeto, 1992).

8 de junho de 2010

Três vezes Anna

Dobras da Leitura recebeu...

[textos condensados a partir de para-textos e divulgação]



Draga-mor e Draguinha, il. Rubem Filho (Zit Editora, 2009). Dois monstrinhos devoradores de comida podem viver escondidos em qualquer casa. Eles são terríveis e devoram tudo o que encontram. Mas será que eles são malvados? Ou só estão com muita fome?





O fado padrinho, o bruxo afilhado e outras coisinhas mais, il. Tatiana Paiva (Prumo, 2009). Luar deseja se transformar em fado padrinho, afinal, quem decidiu que só meninas podem se tornar fadas madrinhas? Sua vontade de ajudar as pessoas é tanta que ele decide sair pelo mundo à procura de pessoas que estejam precisando de ajuda. Luar passa por muitas confusões até conseguir o seu primeiro afilhado!


O menino das águas, a menina dos ventos, il. Ricardo A. (Larousse, 2009). São tantas possibilidades de ser... Meio menino das águas, meio menina dos ventos como muitas crianças espalhadas por este mundo afora. Crianças que têm os olhos abertos para o deslumbramento do tempo. Quantas crianças cabem nesse menino das águas e nessa menina dos ventos?


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