14 de agosto de 2011

“porque a fala é um canteiro”

peter o.sagae


A imagem se antecipa, convite. Hora de nos achegarmos na estrelada poltrona azul, a cadeira do papai. Quem estica o braço e acende o abat-jour da próxima leitura? “Dorme agora sossegado / como as nuvens à noitinha / que eu fico aqui a teu lado / com a tua mão na minha.” Canta a voz que encanta a lua, luz, luzes, cantigas do bom outono, ternuras, timbres, sombras eriçadas contra o medo...
O amor é uma asa paterna que protege e faz sonhar, meninos e meninas que vão, ora mergulho, ora voo, golfinho ou rouxinol, embalados nestes versos, tesouros de som para compartilhar.


José Jorge Letria convida cada leitor a viver imagens. Hora de ouvir estrelas da boca do pai que se tem ou se pode imaginar. “Cada palavra que leres / há de alargar o teu mundo...” E, assim, predizendo boa sorte, compreensão, rimas, sorrisos, retratos de verões passados, o poeta traz para nossa paisagem interior um mar de brinquedos felizes — e, entre eles, o fingimento tão típico dos homens e meninos de sua terra, girando, nas calhas de roda! Sim, a tradição se renova a cada testemunho e testamento que


... um dia
a todos hão de ensinar
os mistérios da alegria.



Feliz domingo!
VERSOS PARA OS PAIS LEREM AOS FILHOS EM NOITES DE LUAR, de José Jorge Letria com as ilustrações de André Letria (Peirópolis, 2010), obra publicada com o apoio da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas, do Ministério da Cultura de Portugal.

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