9 de abril de 2013

quando bate o berimbau

peter o.sagae


Mestre Gato entra pelas páginas do livro como se fosse um palco: sol às costas, ao som do berimbau, derindau, berimbau, derindau, cantando “Eu venho de longe, venho de Aruanda...”, enquanto o eco repetido da corda de arame percutido se estende e alonga o caminho até uma clareira no meio do mato. Com seu pisar manso, o gato está de procurar uma árvore alta, de galhos firmes, mas finos para ter certeza de a onça, Comadre Onça, arriba jamais subir... Enquanto ela não entra na história, os animais todos que ouviram o chamado din din don din entendem-se com a vontade de saber e aprender capoeira para sair de malandragem, na ginga do corpo, defenderem-se e também atacar na hora do aperto! Armando o bote, a Onça, então, comadre manhosa e dissimulada, vem causar aspecto e fuzuê, requisitando para ela umas aulas, prontinha pra vadiar...


Texto longo com uma linguagem cheia de molejo e floreios, gingando frases entre gírias e um vocabulário bantu, colorido, angolano, num maneirismo roseano, MESTRE GATO E COMADRE ONÇA, escrito e ilustrado por Carolina Cunha (Edições SM, 2011), introduz ladainhas e descrição dos movimentos de capoeira em uma das mais conhecidas fábulas da tradição afro-brasileira. O livro, fazendo homenagem a essa expressão múltipla que é luta, dança e esporte, vem acompanhado de um CD com canções gravadas pelas crianças e mestres dos grupos Nzinga, Espaço Cultural Pierre Verger e Pequenos do João, de Salvador.


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