É preciso, pois, seguir a sua natureza íntima orientada para o Bem – esta é a mensagem que traz um belo apólogo de Tomi Ungerer – UMA NUVEM AZUL, com tradução de Tatiana Belinky (Global, 2011), uma obra originalmente produzida na Alemanha, em 2000. Na capa deste livro ilustrado, já despertam os primeiros significados no jogo palavra e imagem: sorridente, a nuvem azul paira acima das outras nuvens, brancas, brancas, de olhos fechados, amontadas na forma de um rebanho imenso...
A história começa com uma visão “particular” da pequena nuvem, acomodada, preguiçosa, talvez cheia de teimosia, recusando-se a chover quando todas as outras caíam a cântaros. Aparentemente, ela só desejava deitar e rolar pelo céu, sem se alterar quando as nuvens maiores vinham, disparando raios, intimidá-la. Ora, tudo que voa e atravessava a nuvem azul tingia-se com sua cor: uma pipa, as aves e os aviões também. E o pequeno leitor logo vê que não é do interesse de alguns homens ter cor de nuvem, nem cor de satisfação.
A nuvem azul, crescendo e viajando pelo mundo, aprendeu muito, não passava por aí despercebida. Coisas boas e curiosas aconteceram, até que ela encontrou uma cortina de fumaça subindo do chão e viu uma cidade consumida pela guerra, pelo ódio, pelo fogo. “Gente branca matava negros, negros assassinavam os vermelhos, os vermelhos perseguiam os amarelos, e os amarelos os brancos.”
A nuvem azul tomou a decisão mais importante de sua vida: deixar-se chover e trazer aos homens a igualdade de uma nova cor.
Tomi Ungerer revela, assim, a placidez da resistência, o cumprimento de um desígnio (como a atividade dos artistas em promover a paz) e ter os olhos abertos para todos!
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