peter o’sagae
Um rio é um livro que corre sorrindo. Cada paisagem, uma página, um reflexo diferente, açúcares de vidro macio. Ler Bartolomeu é buscar a sua respiração num percurso de parágrafos, como que realizando estrofes por onde desliza sua prosa poética. “E o rio passa logo, amarrando com seu comprido leito os campos, povoados, vilas, cidades, nas margens do rio todos se batizam irmãos. Ao receber outros córregos e riachos, mais se soma com outras águas. Com a energia das correntezas, o rio se faz luz clareando ruas, travessas, casas, movendo o mundo.” O que aí temos é um discurso literário passeando em delicada metalinguagem? Um rio que passa e não permite mais repetir o mesmo banho, o batizado mesmo. E, no seu espelho líquido estendendo-se rumo ao mar, sombras, linhas, amarras, aflições, margens provisórias. À leitura do leito, literatura, lavadeiras “desbotando as manchas do trabalho”. Bartô pesca contemplação.
O RIO, texto inédito de Bartolomeu Campos de Queirós, traz desenhos e projeto gráfico de Walter Ono; conta também com o nome de Mario Cafiero na feitura da capa e edição de arte, marcando a estreia da ÔZé Editora, neste agosto de 2011.
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