18 de março de 2013

três contos de arrepiar, ou arrepender-se

peter O’sagae*


Minhas assombrações, de Angela-Lago (Edelbra, 2009), apresenta confissões do outro mundo que vêm judiar do leitor incauto com seu abraço frio,


mostrando-lhe a língua ou mesmo estragando aquele fim de festa com um toque nada romântico... Quem aparece na primeira história – “A boazinha” – é a própria Morte que, por não suportar menino chorando, resolve dar um jeitinho no leitor!


Depois, uma alma defunta – “A invejosa” – durante o próprio velório, resolve vir à desforra com o padre do vilarejo que rouba toda a atenção da cena.


Por fim, “A ciumenta” surge e mostra que não é mole de coração, pois não perdoa nem mesmo a terceira geração futura do ex-namorado que lhe trocou por outra.


Deliciosas, irônicas, Minhas assombrações escorregam por entre as páginas de mais um livro de Angela-Lago, por entre imagens de Dürer, Holbein e outros gravuristas do final da Idade Média que a autora, espirituosamente, modificou. Afora o projeto gráfico que faz o livro estremecer como se vivo estivesse nas mãos de quem lê, com muitos detalhes interessantes, a narração brinca a todo momento de evocar o leitor para dentro do texto e dos acontecimentos, com sutileza e agilidade.


* Resenha escrita para a Bibliografia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil 2009, da BIJ Monteiro Lobato – Secretaria de Cultura/PMSP.

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